Rei Uganda e Rei Bioko. Reis tribais que sucumbiram ao colonialismo europeu na África.
Bioco e Corisco são duas ilhas localizadas no Golfo da Guiné na costa ocidental da África e partes integrantes da moderna Guiné Equatorial. O Rei Bioko e o Rei Uganda (Santiago Uganda 1845-1960) retratados nestas cédulas foram líderes tribais destas ilhas durante o período colonial. A ilha Bioco foi habitada pelas tribos Bantu originárias do continente por volta da metade do primeiro milênio da era cristã. Em 1472, o navegador português Fernando Pó foi o primeiro europeu a avistar a ilha em sua procura por uma rota para chegar às Índias e a chamou de Ilha Formosa. Em 1494 ela foi renomeada com seu nome após ser reivindicada como colônia por Portugal, sendo a partir de então utilizada para o cultivo da cana de açúcar. Em 1642 os holandeses estabeleceram bases de comércio escravagista na ilha sem o consentimento dos portugueses. Os portugueses por sua vez voltaram a ilha em 1648, expulsando os holandeses e tomando para si o lucrativo comércio escravagista. Em 1778 Carlos III da Espanha e Maria I de Portugal firmaram o Tratado de Santo Idelfonso e de El Pardo através do qual Portugal cedia a ilha de Fernando Pó para a coroa espanhola juntamente com os direitos de livre-comércio num setor do Golfo da Guiné. Em troca Portugal recebeu garantias de paz em diversas zonas de conflito na América do Sul, como a retirada espanhola da Ilha de Santa Catarina e a demarcação de fronteiras no Brasil, mas renunciava à Colônia do Sacramento (atual Uruguai) e aos direitos sobre as ilhas Mariana e Filipinas no sudeste asiático. Em 1909, as colônias espanholas de Elobey, Ano Bom, Corisco, Fernando Pó e Guiné Continental Espanhola foram unidas sob uma administração única, formando os Territórios Espanhóis do Golfo da Guiné ou Guiné Espanhola. Em 1973 a ilha passou a se chamar Macias Nguema Biyogo em homenagem ao presidente da então independente Guiné Equatorial, independência esta ocorrida em 1968. O nome definitivo da ilha se deu em 1979 como homenagem ao Rei Bioko, o primeiro rei bantu conhecido e que governou a ilha antes dos espanhóis assumirem o poder. A ilha de Corisco, localizada no estuário do rio Muni que delimita a fronteira entre a Guiné Equatorial e o Gabão, também esteve sob influência portuguesa a partir de 1648 e também foi utilizada como base para o comércio de escravos. Os espanhóis começaram a exercer efetiva soberania sobre a ilha a partir de 1843 através de alianças com os reis das tribos locais. O Rei Uganda foi o último rei de Corisco e governou entre 1906 e 1960. Apesar de 90% da população da Guiné Equatorial falar o espanhol, a língua oficial, em 2014 ela foi admitida na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o português passando a ser uma língua cooficial juntamente com o francês. Seu presidente Teodoro Obiang, no poder há mais de 40 anos, solicitou a entrada na CPLP sob a alegação da Guiné de ter tanto raízes portuguesas como espanholas e de seu descobridor ter sido o navegante português Fernando Pó. Porém sua entrada foi durante anos vetada por Portugal devido ao fato dele manter ativa a pena de morte. A aprovação veio após o presidente Obiang se comprometer a congelar a pena de morte, semanas depois de ter executado quatro pessoas.
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