“Foi nos negros gemidos pelas senzalas de outrora, que os quilombolas escreveram a própria história.” (Antonio Oliveira)
Os quilombos surgiram na América como refúgios de negros que escapavam da repressão durante o período de escravidão, entre os séculos XVI e XIX. A palavra quilombo origina-se do termo kilombo, presente no idioma dos povos Bantu, originários de Angola, e significa local de pouso ou acampamento. Os povos da África Ocidental eram, antes da chegada dos colonizadores europeus, essencialmente nômades, e os locais de acampamento eram utilizados para repouso em longas viagens. Como sua função principal era ser um esconderijo seguro, os locais de mais difícil acesso tinham mais sucesso. Pelo mesmo motivo, se fazia necessário criar laços comunitários e promover a autonomia para não depender de recursos externos. Os moradores dessas comunidades eram chamados de quilombolas. A Rainha Nanny ou apenas Nanny (1685-1755) retratada nesta cédula, foi a mais popular líder dos quilombolas jamaicanos conhecidos como maroons. As informações biográficas sobre a rainha Nanny são um tanto vagas, já que ela é mencionada apenas quatro vezes em textos históricos, sendo que muito do que é conhecido sobre ela veio de histórias contadas de forma oral. Ela é descrita como uma mulher rebelde, da religião obeah, um culto aos ancestrais africanos que tem raízes em comum com o candomblé do Brasil, com a santeria de Cuba e com o vudu do Haiti. O governo da Jamaica a declarou heroína nacional em 1976. Até hoje, os maroons na Jamaica são, em pequena medida, autônomos e separados da cultura jamaicana. O isolamento utilizado em benefício de seus antepassados resultou hoje em que suas comunidades estão entre as mais inacessíveis da ilha. Em 1973, ainda restavam 11 assentamentos maroons, detendo terras que lhes foram atribuídas nos tratados de 1738-1739 com os britânicos após a Primeira Guerra Maroon. A comunidade de Moore Town, localizada nas Montanhas Azuis, a maior cordilheira da Jamaica e que domina seu relevo na parte oriental da ilha, foi colocada na Unesco em 1988 na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela herança Maroon.
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