O país que deve seu nome a um animal que em breve não mais existirá em seu território.
O continente africano, situado entre a Europa e os tesouros imaginários do Extremo Oriente, rapidamente se tornou o destino dos exploradores europeus do século XV. Os primeiros europeus a explorar a costa da África Ocidental foram os portugueses. Outras potências marítimas europeias logo se seguiram, e o comércio foi estabelecido com muitos povos costeiros da África Ocidental. No início, o comércio incluía ouro, marfim e pimenta, mas o estabelecimento de colônias americanas no século XVI estimulou a demanda por escravos, o que levou ao sequestro e escravização dos indígenas africanos. Governantes tribais costeiros, mediante tratados com os europeus, trocavam bens por escravos capturados no interior do continente. A Costa do Marfim, assim como o resto da África Ocidental, estava sujeita a essas influências, mas a ausência de portos protegidos e seguros para os navios europeus ao longo de sua costa impediu o estabelecimento de entrepostos comerciais permanentes. Em função disto, o tráfico de escravos, em particular, teve pouco efeito sobre os povos da Costa do Marfim. Porém um lucrativo comércio de marfim, que deu nome à região, se estabeleceu com mais força no século XVII, e provocou um declínio tão grande na população de elefantes na região que levou o próprio comécio de marfim a se extinguir já no início do século XVIII. A primeira viagem francesa registrada para a África Ocidental ocorreu em 1483, mas somente em meados do século XIX os franceses se estabeleceram firmemente na Costa do Marfim e passaram a chamá-la de Côte d’Ivoire. Em 1885, todas as potências europeias com interesses na África se reuniram em Berlim e assinaram um acordo que estipulava que no litoral africano só seriam reconhecidas as anexações ou esferas de influência europeias que envolvessem a efetiva ocupação da região. Cinco anos mais tarde a regra foi estendida para o interior da África e desencadeou uma disputa por territórios, principalmente entre a França, Grã Bretanha, Portugal e Bélgica. Durante este processo de partilha da África Ocidental entre as potências europeias, os governantes africanos pouco se preocupavam com a ocasional pessoa branca que passava por ali, e não entediam ou, mais frequentemente, eram enganados pelos europeus sobre os tratados que comprometiam sua autoridade. Muitos achavam que uma aliança com os europeus resolveria seus problemas econômicos ou lhes traria mais segurança diante de disputas com vizinhos beligerantes. Desta forma, em 1893 a Costa do Marfim, ou Côte d’Ivoire, tornou-se efetivamente uma colônia francesa. A plena independência da França veio apenas em 1960. Com relação aos elefantes que de uma forma sinistra deram nome ao país, a situação atual só piorou. Dos três a cinco mil elefantes que existiam um século atrás nas áreas protegidas da Costa do Marfim, em 2017 foram contabilizados apenas 225 animais livres na natureza. O principal fator desta catástrofe agora é a degradação de seu habitat pelo homem, mesmo estando eles em 25 florestas protegidas por lei.
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