Quando o retrato de um soberano se torna inconveniente para o país.
O desenho e a impressão do papel-moeda é um processo que normalmente não é feito às pressas e por esse motivo as sobreimpressões, ou seja, impressões adicionadas na face da cédula com textos, gráficos ou carimbos, são relativamente comuns em casos de emergência. Elas são usadas principalmente em períodos inflacionários, quando a entidade emissora de um país precisa rapidamente se adequar a um novo padrão monetário. Foi o caso do Brasil, quando tivemos sucessivas mudanças da base monetária que exigiram a sobreimpressão de carimbos para a implantação do cruzeiro novo (1966), cruzado (1986), cruzado novo (1989), cruzeiro (1990) e finalmente o cruzeiro real (1993). Ocorre que muitas cédulas modernas retratam o seu chefe de estado, e, em tempos de mudanças políticas repentinas, isto pode se tornar um problema para a nova autoridade. Foi justamente o que aconteceu durante a Revolução Iraniana em 1978-79. O xá Mohammad Reza Pahlavi (1919-1980), retratado nesta cédula, foi o monarca da Pérsia entre 1941 e 1979. Pérsia foi o nome adotado para o Irã pelo seu pai em 1934. Em 1979 ele foi deposto pelas forças islâmicas do aiatolá Ruhollah Khomeini (1901-1989) e forçado a fugir do país. Sem ter como no curto prazo providenciar uma nova impressão de papel-moeda, o Banco Central iraniano teve que tomar uma medida temporária, mas drástica, obliterando o retrato do xá com um pesado padrão de arabescos pretos. Até mesmo a marca d'água, que também mostrava a cabeça do xá, teve uma sobreimpressão com o nome da nova República Islâmica do Irã. Anos mais tarde, novos desenhos foram adotados, já sem a inconveniente imagem do xá.
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