A "Guerra dos Dois Irmãos", um capítulo curioso na história entre Brasil e Portugal.

A morte repentina do rei Dom João VI em 1826 em Lisboa criou um problema de herança real. A Guerra dos Dois Irmãos foi essencialmente uma guerra de sucessão, na qual os dois filhos de Dom João VI, Pedro e Miguel, lutaram para assumir o trono de Portugal. O herdeiro legítimo ao trono era Pedro, o filho mais velho. Ocorre que ele havia assumido o título de Pedro I como Imperador do Brasil. Na medida que nem portugueses nem brasileiros queriam uma monarquia unida naquele momento, Pedro I do Brasil retornou para Portugal em 1826, tornando-se também o rei Pedro IV de Portugal. Tendo feito isso, ele ajudou a criar uma nova constituição para o reino, abdicou ao trono português em favor de sua filha mais velha Maria da Glória, então com apenas 7 anos de idade e retratada nesta cédula já adulta, e voltou ao Brasil. Como Maria era menor de idade, Pedro nomeou seu irmão mais novo Miguel para atuar como regente na condução dos assuntos de estado. Até aí estava tudo bem, mas as coisas começaram a desandar quando uma facção conservadora da corte considerou Miguel o sucessor legítimo ao trono, já que Pedro não poderia transmitir o reino à filha porque ele tinha sido cortado da sucessão quando optara pelo Brasil. Miguel assumiu o trono em 1826 e não demorou muito para ter início uma guerra civil. Em 1831 Pedro I voltou a Portugal, abdicando de sua posição de Imperador do Brasil em favor de seu filho Pedro II. Ao chegar lá ele organizou uma expedição militar com apoio britânico, onde após alguns anos conseguiu derrotar seu irmão na cidade de Évora. A paz foi restabelecida em maio de 1834 e Miguel foi banido de Portugal para nunca mais voltar. Meses depois, em setembro de 1834, Pedro IV de Portugal morreu e com isto Maria da Glória, aos 15 anos de idade, nascida no Brasil, tornou-se Maria II, rainha de Portugal, tendo governado o país até sua morte em 1853.