Henrique de Carvalho e o fracassado projeto do “Mapa-Cor-de-Rosa”.
Henrique de Carvalho (1843-1909) foi um explorador português, encarregado pelo rei Dom Luís I de implantar a influência portuguesa no coração da África, a partir de suas colônias litorâneas de Angola e Moçambique. O continente africano era uma mina a ser explorada pelas principais potências europeias, que viam nele uma fonte de recursos e um campo para o alargamento de suas vias comerciais, sobretudo no que tocava ao pouco conhecido interior africano. David Livingstone e outros entraram para a história como exploradores destas regiões remotas, mas alemães, franceses, belgas e portugueses não quiseram perder a corrida. A tarefa de Henrique de Carvalho era ligar o território angolano à contra costa moçambicana, ou seja, colonizar a África de oeste à leste sob a égide da bandeira portuguesa, demonstrando domínio sobre o território e os seus ocupantes. Mas o conflito de interesses era latente e o poderio bélico dos rivais europeus antecipava dificuldades diplomáticas, sobretudo num império reticente até então em explorar os seus domínios africanos. Os portugueses deram ao projeto de unir Angola e Moçambique o nome de "Mapa Cor-de-Rosa" e o apresentaram no Congresso de Berlim de 1884-85, o que provocou forte reação da Grã Bretanha, que de sua parte tinha planos através das iniciativas de Cecil Rhodes de ligar a cidade de Cabo na África do Sul a cidade de Cairo no Egito, sempre por solo britânico. Além disso a Grã Bretanha ressaltava o critério formulado em Berlim de que apenas a ocupação efetiva seria prova do domínio colonial. Carvalho e sua expedição avançaram até o reino dos Lunda, mas no final sua missão ficou inacabada. O desgaste, o cansaço e a hostilidade das tribos locais, aliados à fome e a um surto de varíola, motivaram o abandono da região em junho de 1887. A Grã Bretanha avançava prodigiosamente na conquista do interior africano e, menos de dois anos depois, em 1890, o então rei português D. Carlos recebeu um ultimato britânico obrigando Portugal a ceder as suas pretensões sobre os atuais territórios do Zimbabwe e Zâmbia, dando fim de vez a iniciativa proposta pelo Mapa Cor-de-Rosa. Apesar do fracasso africanista da coroa portuguesa, Henrique de Carvalho deu um contributo importante para que a região dos Lunda fosse reivindicada com sucesso pelos portugueses e se tornasse parte do atual território de Angola.
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