Rei Amador, o escravo que desafiou o regime colonial português.

Amador Vieira (c.1550-1596), também chamado de Rei Amador ou Amador dos Angolares, foi um líder antiescravista e anticolonial da ilha de São Tomé, a maior ilha do arquipélago de São Tomé e Príncipe. Ele próprio um escravo, foi responsável pela maior revolta contra o domínio português na ilha. Ela teve início em 1595 com a tomada de uma igreja da vila de Trindade, onde todos os brancos foram mortos. Logo depois Amador se declarou rei e capitão-general, fundando o efêmero Reino dos Angolares. Na sequência ele tomou a ilha de São Tomé por completo, restando apenas o Forte de São Sebastião com uma pequena guarnição portuguesa sitiada. No início de 1596, após uma traição, as posições de Amador foram entregues, com a conseguinte batalha de São Sebastião definindo o fim do seu reino, e onde os principais comandantes rebeldes foram presos e enforcados. O próprio Amador foi enforcado e esquartejado, com seus restos mortais espalhados pela ilha. Por permear o imaginário da população escravizada, a história de Amador cercou-se de lendas, que aliadas aos escassos relatos oficiais, pouco ajudaram a definir precisamente datas, nomes, locais e acontecimentos. Uma das maiores dúvidas é quanto a origem dos angolares. Uma das hipóteses levantada é que eles eram escravos africanos levados do continente, provavelmente de Angola, e sobreviveram a um naufrágio e se estabeleceram na costa sul da Ilha de São Tomé. Outra versão é que os angolares eram escravos africanos que fugiram de seus donos por volta de 1470, quando os portugueses descobriram e colonizaram as ilhas de São Tome e Príncipe. Ao fugirem, eles teriam criado sua própria nação livre no sul da ilha que era chamada de Quilombo. O nome quilombo deriva da palavra Kimbundu, de uma das línguas mais faladas em Angola, e pode significar reino, população e união. Em geral os quilombos localizavam-se em regiões densamente arborizadas, distante das plantações dos colonizadores. E finalmente há uma terceira versão que os angolares eram africanos que imigraram do continente para as ilhas de São Tomé e Príncipe muito antes da chegada dos portugueses às ilhas. Seja qual for a sua origem, a história dos angolares e do seu reinado em São Tomé e Príncipe faz parte da história de autodeterminação e independência de um povo levada a cabo pelo Rei Amador.