Morrissey-Ernestina. A incrível história de uma das mais antigas escunas americanas.

A escuna Effie Morrissey foi construída em Essex, Massachusetts e lançada ao mar em 1 de fevereiro 1894. Ela foi originalmente construída como um barco de pesca de mar profundo a pedido de Edward Morrissey e seu nome Effie foi uma homenagem a sua filha. Nos seus primeiros anos a Morrissey pescou bacalhau no Atlântico Norte. Era um excelente barco de pesca que podia resistir a ferozes tempestades e enfrentar o alto mar. Em 1914, Robert Barlett, um famoso explorador e navegador do Ártico, comprou a escuna e continuou a utilizá-la como barco de pesca. Mas Barlett acabou por descobrir que seu coração não estava na pesca e em 1926 decidiu retornar à exploração do Ártico. Ele instalou um motor diesel na Morrissey e fez algumas adaptações no casco para ela resistir à pressão do gelo ártico. A Morrissey passou os próximos 20 anos navegando para o norte, partindo de Nova Iorque e cruzando o Círculo Polar Ártico em direção a Groelândia. Ela podia levar em suas expedições desde estudantes, cientistas e fotógrafos até indivíduos que tinham interesse e simpatia pelo Ártico. Entre 1942 e 1945 a Morrissey não parou com suas aventuras, mas as expandiu. Sob o comando de Barlett ela transportou mantimentos para as bases navais e aéreas no Ártico do exército e marinha americana. Após a morte de Barlett em 1949, a escuna foi vendida a Henrique Mendes que mudou seu nome para Ernestina, também uma homenagem à filha. Só que a Ernestina começou uma nova carreira como barco de transporte, levando tanto passageiros como mercadorias na rota entre Cabo Verde, na costa ocidental da África, e Massachusetts. Anos depois ela passou a ser utilizada no transporte entre as ilhas na costa de Cabo Verde até ser desativada e cair em ruínas. Em 1960 museus dos Estados Unidos mostraram interesse em comprar Ernestina para salvar o histórico navio, mas apenas em 1977 o povo de Cabo Verde concordou em ceder Ernestina ao povo dos Estados Unidos como presente e a entregou ao estado de Massachusetts. Em 1982 o seu casco foi totalmente reconstruído em Cabo Verde e navegou para os Estados Unidos com uma tripulação de ambos os países. Com a restauração concluída em 1994, Ernestina tornou-se parte do Parque Nacional de New Bedford em Massachusetts e hoje navega regularmente pela costa da Nova Inglaterra em cruzeiros educacionais.