Quem sucede um sultão que não tem filhos nem irmãos?
Omã, um país árabe localizado na costa sudeste da Península Arábica, é uma monarquia absoluta. O sultão Qabus Al Said (1940-2020), retratado nesta cédula, foi seu líder hereditário desde 1970, até morrer após 50 anos no poder. Com esta marca ele foi o sétimo entre os monarcas que tiveram os reinados mais longos do mundo. Como herdeiro da dinastia Al Said que governa Omã desde meados do século XVIII, Qabus chegou ao poder aos 29 anos após liderar um golpe de estado sem violência no qual contou com a ajuda dos britânicos para derrubar seu pai, Said bin Taimur, um governante recluso e ultraconservador, que entre outras coisas, proibiu a população de ouvir rádio e usar óculos escuros, além de decidir quem poderia se casar, estudar ou deixar o país. Ao assumir, Qabus imediatamente declarou que pretendia estabelecer um governo moderno e usar o dinheiro do petróleo para o desenvolvimento do país. Em Omã, o sultão é o principal tomador de decisões. Qabus, por exemplo, também ocupou os cargos de primeiro-ministro, comandante supremo das forças armadas, ministro da defesa, ministro das finanças e ministro das relações exteriores. Qabus não tinha irmãos e, apesar dele ter se casado, não teve filhos, pelo que não havia ninguém para sucedê-lo após sua morte. Para não minar sua autoridade em vida, Qabus nunca revelou publicamente o nome de quem ele gostaria que assumisse as rédeas do sultanato, mas deixou o nome em dois envelopes secretamente escritos por ele e mantidos em lugares diferentes. Após sua morte, um conselho da família real tinha até três dias para escolher seu sucessor, mas optaram por abrir antes os envelopes selados deixados por Qabus. No fim, a resposta veio dos envelopes. Para demonstrar união e manter a estabilidade no país, o conselho acabou por acatar a vontade do falecido sultão e deu posse ao seu primo Haitham Al Said (1955-), ex-ministro da cultura e do patrimônio de Omã.
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