Qual é a origem do símbolo da lua crescente visto nas culturas islâmicas?
O Islã surgiu na Arábia, onde as viagens pelas rotas comerciais do deserto eram em grande parte à noite, e a navegação dependia da posição da lua e das estrelas. A lua, portanto, representava a orientação de Deus no caminho da vida. A lua crescente por sua vez representa o calendário muçulmano, que tem 12 meses, cada um com 29 ou 30 dias, perfazendo um ano de 354 ou 355 dias, portanto cerca de 11 dias a menos que o calendário solar. Assim, no Islã, o mês lunar e o mês do seu calendário coincidem, e a lua crescente é ansiosamente esperada, especialmente no final do mês do Ramadã, quando seu avistamento significa que o "Eid al-Fitr", ou “as celebrações do fim do jejum”, podem começar. Em função disso acredita-se amplamente que a lua crescente e a estrela são um símbolo internacionalmente reconhecido do Islã. Afinal, o símbolo está presente nas bandeiras de vários países muçulmanos como Turquia, Paquistão, Tunísia, Malásia, Líbia, Mauritânia e outros, sendo inclusive representado em uma série de cédulas destes países como as vistas acima. Os cristãos têm como símbolo de fé a cruz, os judeus têm a estrela de Davi e os muçulmanos têm a lua crescente. Ou assim se pensa. A verdade, porém, é um pouco mais complicada. O uso da lua crescente e da estrela como símbolos, na verdade, antecede o Islã em vários milhares de anos. As informações sobre as origens do símbolo são difíceis de confirmar, mas a maioria das fontes concorda que esses antigos símbolos celestiais eram usados pelos povos da Ásia Central e da Sibéria em sua adoração aos deuses do sol, da lua e do céu. Há também relatos de que a lua crescente e a estrela foram usadas para representar a deusa cartaginesa Tanit ou a deusa grega Diana. A cidade de Bizâncio (mais tarde Constantinopla e finalmente Istambul) adotou a lua crescente como símbolo. Segundo algumas evidências, sua escolha foi em homenagem à deusa Diana. Outras fontes indicam que isto remonta a uma batalha em que os romanos derrotaram os godos no primeiro dia de um mês lunar. De qualquer forma, a lua crescente foi destacada na bandeira da cidade antes mesmo do nascimento de Cristo. A comunidade muçulmana primitiva não tinha realmente um símbolo reconhecido. Durante a época do Profeta Muhammad, os exércitos e caravanas islâmicas hasteavam bandeiras simples de cores sólidas, geralmente pretas, verdes ou brancas, para fins de identificação. Não foi até o Império Otomano que a lua crescente e a estrela se tornaram afiliadas ao mundo muçulmano. Quando os turcos conquistaram Constantinopla em 1453, eles adotaram a bandeira e o símbolo existentes na cidade. Diz a lenda que o fundador do Império Otomano, Osman de Segut (1280-1326), teve um sonho em que a lua crescente se estendia de um extremo ao outro da terra. Tomando isso como um bom presságio, ele escolheu manter o crescente e torná-lo o símbolo de sua dinastia. Por centenas de anos, o Império Otomano governou o mundo muçulmano. Depois de séculos de batalhas com a Europa cristã, é compreensível como os símbolos desse império se vincularam na mente das pessoas com a fé do Islã. A herança dos símbolos, no entanto, é realmente baseada nas ligações com o Império Otomano, não com a fé do próprio Islã. Com base nesses fatos, muitos muçulmanos rejeitam o uso da lua crescente como símbolo do Islã. A fé do Islã historicamente não teve nenhum símbolo, e muitos muçulmanos se recusam a aceitar o que veem como essencialmente um antigo ícone pagão. Desta forma a lua crescente e a estrela não são de uso uniforme entre os muçulmanos. Alguns preferem usar a Ka'aba, ou uma escrita em caligrafia árabe ou ainda um simples ícone de mesquita como símbolos da sua fé.
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