A empreitada escravagista criminosa do rei belga Leopoldo II.

Após uma crescente pressão da opinião pública, a Bélgica começou a enfrentar seu passado colonial removendo de suas cidades tributos feitos ao Rei Leopoldo II, que é amplamente visto como o responsável pelo assassinato de milhões de nativos africanos. Nome de ruas em sua homenagem estão sendo mudados e estátuas estão sendo retiradas para evitar "vergonha" por parte de seus cidadãos. Mas do que se trata essa vergonha? Tudo tem a ver com o estabelecimento do Estado Livre do Congo, um reino privado e propriedade pessoal de Leopoldo II entre 1885 e 1908. Este reino ocupava a maior parte do que hoje é a República Democrática do Congo. Sua economia estava baseada na intensa exploração do trabalho escravo africano em condições extremamente degradantes para a extração de borracha e marfim. Para acabar com agitações e resistências levantadas pelo nativos, e garantir que não estavam sendo desperdiçadas munições caras na repressão, uma solução brutal foi imposta aos soldados congoleses recrutados pelas forças belgas - cortar a mão de qualquer rebelde morto. Estes crimes hediondos tiveram início por volta de 1885 e, ao serem revelados pela primeira vez pela imprensa ocidental no início do século XX, causaram uma forte pressão por parte do público e governos ocidentais, obrigando em 1908 o governo da Bélgica a intervir e literalmente tomar do rei o Estado Livre do Congo, rebatizando a colônia de Congo Belga, com isto dando fim a muitos dos sistemas responsáveis pelos abusos. As estimativas de mortos no Congo pelos homens de Leopoldo II varia de 1 milhão a 15 milhões de pessoas, mortes devidas principalmente a fome, doenças, privações e assassinatos em massa, além de milhares de pessoas mutiladas. Ironicamente, Leopoldo II jamais pôs os pés em seu latifúndio em seus 44 anos de reinado. Em junho de 2020, na sequência da vandalização de estátuas de Leopoldo II na Bélgica, pela primeira vez na história política deste país, o rei Felipe lamentou as atrocidades cometidas no Congo durante o período colonial.