O frade português que se tornou o santo mais popular do Brasil.
Para muitos brasileiros, Santo Antônio (c.1195-1231) é o santo casamenteiro. Folclore e tradições populares são pródigos em reservar a ele toda sorte de simpatias para trazer, para sempre enquanto durar, aquele amor perfeito. Para os devotos católicos, ele é o santo milagroso, um dos mais eficientes na intersecção junto a Deus. Para a Igreja, ele é a figura que detém o recorde da canonização mais rápida da história. E para a historiografia, ele foi um homem notável para o seu tempo. Intelectual, o frade circulou por parte considerável da Europa do século XIII e ajudou a consolidar o papel dos franciscanos, cuja ordem havia acabado de ser fundada. Para aqueles que preferem enfatizar o auge de sua vida ele é chamado Santo Antônio de Pádua. Para aqueles que preferem enaltecer suas raízes ele é chamado Santo Antônio de Lisboa. No Brasil, a devoção antoniana ganhou seu próprio sotaque. Seu nome batiza igrejas, ruas e continua sendo um dos mais escolhidos para meninos. Apesar disso, seu nome de batismo era Fernando. Ele começou a vida religiosa como um agostiniano, mas logo se transformou em um franciscano e assumiu a nova identidade - Antônio. Fato interessante foi que dos 53 milagres a ele atribuídos na sua canonização em 1232, apenas um ano após a sua morte, nenhum deles tinha a ver com casamento. Acredita-se que uma das explicações é que, ainda em vida, ele teria sido um grande opositor dos casamentos arranjados por interesse entre famílias - o que ele chamava de mercantilização do sacramento - e que ele defendia que os casais fossem formados por amor. Há ainda uma versão, com contornos de lenda, de que ele teria desviado, certa vez, donativos recebidos pela igreja, para ajudar uma moça a conseguir dinheiro suficiente para o dote que era necessário ao seu casamento. Seja o que for, em Portugal, na Itália e no Brasil, ser o santo casamenteiro continua sendo uma de suas qualidades especiais.
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