As aventuras e desventuras de Cervantes explicam a origem do melhor romance de todos os tempos.

Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616), romancista, dramaturgo e poeta castelhano, ficou famoso por sua obra-prima, Dom Quixote, muitas vezes considerada o primeiro romance da era moderna. Vista como um clássico da literatura ocidental, sua obra é tratada como um dos melhores romances já escritos em toda a literatura, e sua influência sobre a língua castelhana foi tão grande que o castelhano é frequentemente chamado de "La lengua de Cervantes" (A língua de Cervantes). A vida do célebre escritor que morreu aos 68 anos foi um verdadeiro carrossel de emoções. Não só pelo número de obras que ele produziu, entre ficções, poemas, contos e peças teatrais, mas também pelas peripécias pelas quais passou. Em 1569 ele deixou a Espanha por motivos não muito claros. Acredita-se que ele tenha ferido um rapaz e, como punição, foi obrigado a sair do país. Ele escolheu a Itália para viver e lá se alistou como soldado da infantaria espanhola, na época baseada em Nápoles. No ano seguinte, durante um combate contra invasões turcas, foi atingido com dois tiros no peito e um na mão esquerda, ficando com sequelas pelo resto de sua vida. Foi só no ano de 1575 que ele pôde retornar à Espanha. No entanto, no trajeto a caminho de sua terra natal, sua embarcação foi atacada por piratas, sendo levado para Argel, capital da Argélia, onde foi escravizado. Levou cinco anos até que sua família pagasse por seu resgate. Após passar dois anos em Portugal, ele finalmente voltou para a Espanha em 1583, onde começou a construir uma vida estável e a consolidar a carreira de escritor. Em 1605, ele publicou a primeira parte do seu livro mais célebre, Dom Quixote. A obra conta as aventuras de Dom Quixote de La Mancha, um fidalgo cavaleiro medieval, ao lado de seu cavalo Rocinante e de seu fiel amigo e escudeiro, Sancho Pança. A segunda parte foi lançada em 1615 e, desde então, ganhou o mundo. Em 2002, ela foi eleita a maior obra de ficção da literatura mundial pelo Instituto Nobel.