As insanidades de um ditador megalomaníaco e seu culto à personalidade.
Saparmurat Niyazov (1940-2006) foi presidente do Turcomenistão entre 1991 e 2006, quando morreu aos 66 anos de parada cardíaca. Niyazov era excêntrico e autoritário. Para começar, se autodeclarou o Turkmenbashi, ou o “Pai ou líder de todos os Turcomenos”. Depois, em uma das mais emblemáticas e excêntricas medidas que refletiam o seu culto à personalidade, Niyazov alterou, em 2002, os nomes dos meses do ano e dos dias da semana, de origem russa e turca, alegando que os nomes correntes haviam sido uma imposição bolchevique ao país. Janeiro, por exemplo, foi renomeado Turkmenbashi (seu título executivo); abril foi rebatizado como Gurbansoltan (em homenagem à sua mãe, Gurbansoltan Eje); e setembro como Ruhnama (livro de Niyazov, definido como um guia espiritual para a nação turcomena e de leitura obrigatória nas escolas). Em julho de 2008, após sua morte, esta lei foi revogada. O ditador gastou boa parte da fortuna nacional, que era obtida principalmente da exportação de gás natural, para fazer obras faraônicas, como um lago artificial no Deserto de Kara Kum; uma grande floresta de ciprestes que teoricamente iria compensar o terrível clima desértico do país; um palácio de gelo e uma estação de esqui no deserto; além de ter ordenado a construção de uma pirâmide com cerca de 40 metros de altura. Mas talvez a maior de todas as excentricidades seja uma estátua em ouro, colocada em uma praça da capital do país, Asgabate. O monumento tinha uma base rotativa que o permitia estar sempre voltado em direção ao Sol. Niyazov baniu do Turcomenistão rádios, música gravada, cachorros de estimação, balé, ópera, cabelo comprido e barba, jogos de computador e maquiagem. Com a reforma monetária feita em 2009, os turcomenos finalmente se livraram de vez do convívio com sua imagem no dinheiro do país, que perdurou por mais de 16 anos.
Comments