Alegorias. O simbolismo por trás das cédulas de banco.

A maioria das cédulas francesas da era pré-euro possui um “apelido” entre os colecionadores locais. A cédula vista acima, por exemplo, é conhecida como “Merson”, uma referência ao pintor e ilustrador francês Luc-Olivier Merson (1846-1920). Uma das mais célebres pinturas de Merson ficou conhecida como “O Corcunda de Notre-Dame”. Com suas imagens místicas de estilo gótico dos terraços da famosa catedral em Paris e de seu ainda mais famoso personagem – o corcunda, ela foi criada em 1881 como resultado da enorme popularidade da novela de mesmo nome publicada em 1831 por Victor Hugo. Por volta de 1900 Merson foi comissionado para desenhar selos postais dos correios da França e de Mônaco. E em 1908 foi a vez do Banco da França contratá-lo para criar os desenhos de duas de suas cédulas. Na cédula acima Merson retratou alegorias de camponesas com suas crianças e alegorias fazendo referência ao trabalho e à fortuna. Alegorias foram muito utilizadas em cédulas de banco nos séculos XIX e XX. A alegoria é uma figura de linguagem de uso retórico que expande o significado do termo, transmitindo um ou mais sentidos além do literal. A palavra vem do latim “allegoria”, que significa ato de falar sobre outra coisa. Elas geralmente simbolizam um tema abstrato, como liberdade, justiça, comércio, indústria, agricultura e muitos outros. Geralmente a alegoria assumia a forma de uma pessoa, a qual podia ser identificada por certas características ou atributos, como por exemplo um ferreiro, um camponês, etc. Outra forma de apresentá-la era através de deuses antigos, uma vez que a mitologia estava firmemente ancorada no sistema educacional daquela época. Como resultado, as pessoas estavam familiarizadas com os deuses gregos e romanos, bem como seus atributos. A Justiça, por exemplo, geralmente era mostrada como a deusa Justistia, com os atributos da espada, da balança e da venda cobrindo os olhos. Como símbolos de longa tradição, as alegorias pretendiam inspirar confiança nas cédulas de banco, um método de pagamento então relativamente novo.