Nuno Tristão. O primeiro explorador português a atingir a costa da Guiné.
No período da história que decorreu entre os séculos XV e início do XVII (Era dos Descobrimentos), existiam inúmeras lendas que falavam sobre monstros marinhos que habitavam as águas do oceano Atlântico. De acordo com estas lendas, terríveis monstros podiam afundar qualquer navio e mergulhá-lo em uma escuridão eterna, sob ondas medonhas ou em águas ferventes. Assim se criou a lenda do Mar Tenebroso. No início do século XV, Portugal tornou-se o centro da navegação europeia, através do estímulo do infante D. Henrique, alcunhado o Navegador. Este reuniu na cidade de Sagres navegadores, cosmógrafos, cartógrafos, mercadores e aventureiros a fim de ensinarem e aprenderem os segredos dos mares. A partir daí tudo mudou. Gil Eanes, em 1434 dobrou o Cabo do Bojador (hoje no Saara Ocidental) e desfez em definitivo a lenda do Mar Tenebroso. Em 1441, D. Henrique ordenou que Nuno Tristão (?-1446) avançasse na exploração da costa ocidental da África. Na primeira viagem ele passou pela região conhecida como Rio do Ouro (hoje no Saara Ocidental) e continuou até atingir o Cabo Branco (hoje fronteira entre o Saara Ocidental e a Mauritânia). Na segunda viagem, em 1443, ele avançou ainda mais e descobriu as ilhas de Arguim, no litoral da Mauritânia, onde posteriormente, em 1448, os portugueses edificaram um forte para apoiar o comércio com o interior da África. Na sua terceira viagem, em 1444, ele atingiu a região do moderno Senegal. Finalmente, em 1446, ele atingiu o Cabo Verde, próximo a moderna cidade de Dacar, no Senegal, a ponta de terra onde a costa da África passa de uma região desértica para uma com vegetação luxuriante, e ultrapassou o Rio Gâmbia (na atual Gâmbia). Seguindo mais ao sul, ao passar por um grupo de ilhas e ilhotas do arquipélago dos Bijagós na costa da atual Guiné-Bissau, Nuno Tristão adentrou um rio para fazer um reconhecimento em terra. Da outra margem do rio, "guinéus" de corpo negro e nu, luzindo ao sol, armados de arcos e setas, embarcaram apressadamente em suas canoas. Perante seu grande número, os portugueses voltaram aos seus batéis e remaram de volta ao barco, sob uma chuva de setas peçonhentas. Dos 24 homens da tripulação, 20 pereceram dos ferimentos recebidos, incluindo Nuno Tristão. Seus cadáveres foram lançados à água e, três meses depois, apenas 4 homens alcançaram as costas de Portugal.
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