A disputa pela soberania de um dos últimos territórios não autônomos da África.
A "Marcha Verde", retratada nesta cédula, foi um protesto ocorrido em novembro de 1975, organizado pelo governo de Marrocos, para forçar a Espanha a entregar o território disputado do Saara Espanhol. Neste movimento popular, cerca de 350 mil marroquinos desarmados avançaram vários quilômetros além da fronteira com o território do Saara Espanhol. O retrospecto desta disputa data de 1958, quando o território designado como África Ocidental Espanhola deixou de existir e o Saara Espanhol adquiriu o status de província da Espanha. Em 1976, após o Acordo de Madri entre Espanha, Marrocos e Mauritânia, bem como em função da Marcha Verde, a Espanha se retirou em definitivo do território, que passou a ser chamado de Saara Ocidental. A administração do Saara Ocidental foi cedida ao Marrocos e à Mauritânia, porém o acordo não foi reconhecido pelas Nações Unidas. Posteriormente, em 1979, a Mauritânia renunciou a sua parte na partilha, que foi prontamente ocupada pelo Marrocos. Porém o Saara Ocidental tornou-se palco de disputa entre as forças de ocupação marroquinas e a Frente Polisário, um movimento criado pelos saarauís, um povo nômade que historicamente habita a região e que queria sua autonomia. Em 1976 a Frente Polisário proclamou um governo-em-exílio, a República Árabe Saarauí Democrática (RASD). O governo da RASD, instalado na vizinha Argélia, definiu a área sob seu controle como território libertado e o restante, que o Marrocos denomina Províncias do Sul, como área sob ocupação. As Nações Unidas, por sua vez, desconsideraram o Acordo de Madri e a cessão do Saara Ocidental ao Marrocos e à Mauritânia. Para a ONU o antigo Saara Espanhol é um território não descolonizado, e a Espanha continua a ser, formalmente, a potência administradora. Os esforços de paz da ONU propuseram um referendo, para que a população saarauí decida se quer ou não a independência. Esse pleito, marcado inicialmente para 1992, por não ser aceito pelo Marrocos, nunca ocorreu e o impasse perdura até hoje.
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