Ela recebeu um perdão póstumo por resistir à segregação racial.
Nove anos antes da norte-americana Rosa Parks tomar uma posição semelhante contra a discriminação racial no Alabama, nos Estados Unidos, em 1946, uma canadense da província da Nova Escócia se recusou a deixar uma seção exclusiva para brancos em um cinema e foi presa e multada por uma infração fiscal devido à diferença de um centavo de imposto entre a cadeira que ela pagou e a que ela usou, que era mais cara. Esse ato de coragem de Viola Desmond (1914-1965), uma empresária negra, descendente de negros escravos oriundos dos Estados Unidos, ajudou a acabar com a segregação na sua província. Antes de sua ida ao cinema em 1946, Desmond, que por algum tempo ensinou em uma escola segregada, não era estranha ao racismo sistêmico. Quando ela deixou o emprego de professora para iniciar uma carreira como esteticista, Desmond foi forçada a viajar para Montreal, Atlantic City e Nova York para fazer seu treinamento, já que as escolas de beleza da Nova Escócia impediam que negros nela se matriculassem. No entanto, ela teve pouca recompensa por sua coragem em vida - morreu sozinha aos 50 anos de uma hemorragia gastrointestinal. Em 2010, Desmond recebeu um perdão póstumo, o primeiro a ser concedido no Canadá. A província de Nova Escócia também se desculpou por processá-la por sonegação de impostos e reconheceu que ela estava resistindo legitimamente à discriminação racial. Em 2018, mais de 53 anos após sua morte, ela substituiu o primeiro-ministro do Canadá na cédula de 10 dólares para se tornar a primeira mulher a aparecer sozinha em uma cédula canadense. A cédula ainda mostra atrás do retrato de Desmond um mapa do histórico extremo norte de Halifax, cidade que abrigava uma das mais antigas comunidades negras do Canadá e onde Desmond foi criada.
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