A mulher por trás das famosas cédulas irlandesas.

As cédulas de curso legal da República da Irlanda, emitidas pela primeira vez em 1928, estão entre as mais icônicas e belas entre todas as cédulas modernas. A história de como Hazel Martyn (1880-1935), uma americana de origem irlandesa apareceu nas suas cédulas por quase cinquenta anos (mais de setenta se incluirmos a marca d'água das últimas edições) é fascinante e intrigante. Nascida em Chicago, ela viajava regularmente para a Europa para prosseguir seus estudos artísticos e estava se desenvolvendo como uma talentosa pintora quando conheceu John Lavery (1856-1941) em 1903 em um retiro de artistas na Bretanha. Ele já era um famoso retratista da realeza e da alta sociedade e pintor de paisagens nascido em Belfast, criado na Escócia e radicado em Londres. Em 1909 Hazel se tornou a segunda esposa de John Lavery. Quando a Primeira Guerra Mundial estourou, John Lavery tornou-se artista oficial de guerra do governo britânico e produziu muitas telas memoráveis. Em 1918 recebeu o título de cavaleiro, de modo que sua esposa se tornou Lady Lavery. Durante os anos de guerra, as tensões entre a Irlanda e a Grã-Bretanha aumentaram, culminando na Guerra Anglo-Irlandesa de 1919 a 1921. Tanto Hazel quanto John há muito tempo estavam conscientes de suas raízes irlandesas, mas agora se apaixonaram pela causa irlandesa. Os Laverys queriam usar seus contatos sociais e políticos em ambos os lados do Mar da Irlanda para tentar reconciliar a Grã-Bretanha e a Irlanda. Hazel era uma forte defensora de uma Irlanda unida e fez campanha contra a separação da Irlanda do Norte, sem sucesso no final. Logo após a Independência em 1922, foi tomada a decisão de criar uma nova moeda para o Estado Livre Irlandês. Até então, a libra esterlina britânica era a moeda utilizada. Um comitê consultivo foi criado e a decisão de comissionar Lavery foi tomada em dezembro de 1927. Provavelmente John Lavery foi escolhido em reconhecimento ao seu envolvimento e apoio aos assuntos irlandeses durante as negociações de independência bem como a influência de Hazel sobre os membros da comissão selecionadora. John Lavery produziu o retrato em quinze dias. Uma Hazel recatada foi retratada nas cédulas de frente para a direita, em um fino xale irlandês, com uma paisagem irlandesa clássica de lagos e montanhas ao fundo. A reação pública foi positiva e seu retrato foi considerado um retrato apolítico da Irlanda. Lady Lavery morreu de ataque cardíaco em 1º de janeiro de 1935 depois de passar por problemas de saúde em função de uma operação para remover um dente do siso.