A guerra separatista que se tornou uma das maiores tragédias humanitárias do mundo.
Biafra foi um estado secessionista da África Ocidental que declarou unilateralmente sua independência da Nigéria em maio de 1967. Englobava a região leste da Nigéria e era habitada principalmente pela etnia Igbo. Em 1960, logo após obter sua independência da Grã-Bretanha, a instabilidade econômica e política e o atrito étnico caracterizavam a vida pública nigeriana. No norte, onde prevalecia a etnia Hauça, era grande o ressentimento contra a minoria Igbo mais próspera e instruída. Em setembro de 1966, cerca de 30.000 pessoas Igbo foram massacradas na Região Norte, e talvez 1.000.000 fugiram como refugiados para o leste dominado pelos Igbos. Tentativas de representantes da região para um acordo não tiveram êxito. Em 30 de maio de 1967, o chefe da Região Leste, com a autorização de uma assembleia consultiva, declarou a região uma república soberana e independente sob o nome de Biafra, uma referência ao Golfo do Biafra, uma reentrância na extremidade nordeste do Golfo da Guiné. Logo após a declaração de independência, uma das primeiras instituições a serem criadas foi o Banco de Biafra e em 1968 suas primeiras cédulas foram introduzidas. As novas cédulas tiveram que ser introduzidas as pressas e, consequentemente, não puderam atender aos requisitos normais de qualidade das cédulas de banco. A primeira edição contou apenas com duas denominações – 5 shillings (vista acima) e 1 libra. O recurso de segurança mais comum de uma cédula de banco, o papel-moeda, está ausente nestas cédulas. Elas foram impressas em papel comum, que são fabricados à base de fibras de celulose da madeira tratadas com aditivos que os tornam fluorescentes sob a luz ultra violeta. Em contrapartida, o papel-moeda tradicional é fabricado a partir de fibras de linho e algodão através de um processo que os tornam não-fluorescentes ao UV. Diante da má qualidade destas primeiras cédulas e da falta de denominações, em 1969 foi introduzida a segunda e última edição, desta vez com cinco denominações – 5 e 10 shillings (vista acima), 1 libra (vista acima), 5 e 10 libras. Desta vez elas foram impressas em papel não-fluorescente impregnado com fibras vermelhas e azuis também não-fluorescentes. Há também uma tentativa muito interessante da utilização de uma forma inicial de microimpressão em torno do design central, com letras muito pequenas repetindo as palavras ‘Bank of Biafra’ seguidas da denominação da cédula. Todas as cédulas biafrenses traziam em primeiro plano um Sol nascente junto com uma palmeira, um dos símbolos nacionais do novo país. Porém quem emitiu as cédulas biafrenses é um mistério, apesar de algumas evidências apontarem delas terem sido impressas em Portugal e na Suiça, já que estes países desde o início manifestaram apoio aos biafrenses. Desde o início, o líder do governo federal nigeriano recusou-se a reconhecer a secessão de Biafra. Nas hostilidades que eclodiram, as tropas biafrenses tiveram sucesso a princípio, mas logo as forças federais, numericamente superiores e melhor armadas, começaram a pressionar as fronteiras de Biafra. Biafra encolheu um décimo da sua área original durante a guerra. Em 1968, havia perdido seus portos marítimos e ficou sem litoral, de modo que suprimentos só podiam chegar por via aérea. Fome e doença se seguiram - as estimativas de mortalidade durante a guerra geralmente variam de 500.000 a 3.000.000 de pessoas. A guerra perdurou por dois anos e meio até que Biafra deixou de existir como estado independente em janeiro de 1970.
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