A medida extrema de Trindade e Tobago para proteger um dos seus símbolos nacionais.
Quando Trindade e Tobago, um pequeno grupo de ilhas na confluência do Mar do Caribe com o Oceano Atlântico, declarou sua independência da Grã-Bretanha em 1962, o íbis escarlate (Eudocimus ruber) foi escolhido como uma das suas aves nacionais deste país insular. Junto com a outra ave nacional - a chachalaca (Ortalis ruficauda) - elas ocupam um lugar no brasão de armas do país, além de estarem retratadas nas suas cédulas de 1 dólar de Trindade. O íbis escarlate também é uma atração turística e importante fonte de renda em seu principal criadouro - o Pântano Caroni, localizado há apenas 16 quilômetros de Port of Spain, a capital de Trindade e Tobago. Sua caça foi proibida depois de ter sido alvo no passado de caçadores atrás de sua carne e de suas brilhantes penas vermelhas, usadas para adornar fantasias para o carnaval anual das ilhas. Apesar disso, o íbis escarlate continuou a ser alvo de caçadores furtivos, levando o governo a colocar a ave em sua lista de espécies ambientalmente sensíveis. Como resultado dessa ação, sua caça passou a ser punível com até dois anos de prisão e uma multa equivalente a 100 mil dólares de Trindade (US$ 15.000). E não é apenas matar o íbis que gera estas punições. O simples fato de interferir com o pássaro ou ser encontrado em posse de sua carcaça ou de partes dela, sujeita o indivíduo a sanções que podem ser bastantes pesadas. Por exemplo, uma pessoa que for encontrada em posse de cinco penas da ave estará sujeita a uma multa não de 100, mas de 500 mil dólares de Trindade. O mais preocupante, porém, é que a caça furtiva do íbis escarlate parece não estar relacionada à necessidade de renda das pessoas, e sim a um mito de que sua carne é um afrodisíaco, e que as pessoas gostam de dizer que servem íbis escarlates em suas festas. Desta forma, a atitude do governo de Trindade e Tobago em listar a ave como ambientalmente sensível e impor severas penalidades a sua caça foi a uma medida considerada extrema, mas necessária para proteger um dos seus símbolos nacionais.
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